O texto conta a história de um circo, “Circo das Letras”, que decide encenar o drama: “Quincas Borba” de Machado de Assis, escrito em 1891. O que seria um espetáculo sério, transforma-se em comédia quando o professor Rubião, morador da pequena e pacata cidade de Barbacena – Minas Gerais, recebe uma herança de um amigo, o filósofo Quincas Borba. O amigo lhe deixa tudo: dinheiro, jóias, livros, ações do banco do Brasil, etc. e o professor Rubião, só teria como obrigação cuidar do cachorro do finado, o qual tem o mesmo nome do dono “Quincas Borba”. Esta versão circense ganha músicas originais e muita diversão.

No Rio de Janeiro para onde se muda o professor rico, conhece Sofia, esposa do seu sócio (Cristiano Palha) por quem se apaixona perdidamente, fica tão apaixonado que enlouquece, pensando ser o “Imperador dos franceses” e Sofia, sua imperatriz, levando adiante a filosofia do finado “Quincas Borba”, “humanitas”. Toda essa história vem recheada de momentos muito engraçados e emocionantes.

Imagens da montagem de Quincas Borba, com os atores Ivaldo Cunha, Francis de Souza, Fernanda Lima, Diógenes de Lima, Danilo Cizino e Glauco Casé.
 Quincas Borba

Video
QUINCAS BORBA, A Comédia Musical. De Machado de Assis, adaptação Moisés Neto. Direção Ivaldo Cunha Filho. Com Diógenes de Lima, Fernanda Luna e Francis de Souza. Melodias Glauco Cazé. Teatro Recife.

SOBRE A PRODUÇÃO
 
Em maio de 2001, Helena Siqueira e Ivaldo Cunha Filho, convidam o dramaturgo Adriano Marcena a começar um trabalho de 04 anos, que seria iniciar a montagem da trilogia de Machado de Assis. Convida o então escritor e professor Moisés Neto para adaptar para teatro os livros “Dom Casmurro” (2001) “Quincas Borba” (2003) e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (2005), montado para teatro os três livros mais expressivos do moleque de morro, magro, franzino e doentio, certamente moreno. Filho do mulato Francisco José de Assis, pintor de paredes, e da portuguesa Maria Leopoldina. Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu em 1839, no dia 21 de julho.

A produtora Helena Siqueira abraçou a idéia e o grupo de 09 (nove) atores começou o trabalho de pesquisa sobre a época em que Machado vivia, da época em que acontecia da história de “Dom Casmurro” e no dia 09 de setembro de 2001, estreava no teatro Barreto Júnior, um espetáculo dramático, forte e emocionante. A história do romance de Bentinho e Capitu. Com direção de Adriano Marcena. Viajamos para João Pessoa, Campina Grande e Natal com sessões lotadas, e no final, a emoção toma conta do público e dos artistas.
Incentivado pelo sucesso de “Dom Casmurro”, partimos para a 2ª fase: “Quincas Borba – O Musical”, uma gostosa brincadeira séria com a obra de Machado de Assis, adaptação teatral de Moisés Neto e Direção de Ivaldo Cunha Filho.

A Marketing Eventos Culturais Ltda., em parceria com a Rede Filmes e Teatro Produções vem através deste projeto, mostrar que é possível ter o público na casa de espetáculos montando textos sérios, obras primas da nossa literatura. Por paixão ao teatro, Ivaldo Cunha filho e Helena Siqueira vêm produzindo espetáculos infantis e adultos sem nenhum patrocínio, mas com a certeza de está colaborando para a cultura teatral pernambucana, realizando com sucesso o projeto “Escola vai ao teatro”, desde 1990, e agora, transformando em espetáculos teatrais estas pérolas da nossa literatura.


SOBRE A DIREÇÃO
 
IVALDO CUNHA FILHO, Pernambucano de Recife, estreou em teatro no colégio em 1978, e de lá pra cá, todo ano escreve e monta um espetáculo teatral.

Para montar “QUINCAS BORBA”, foi realizado um grande trabalho de pesquisa da obra do texto e do autor do livro (Machado de Assis). Técnicas de circo e da comedia dell’arte são visíveis no espetáculo, a utilização de músicas ao vivo dá todo um charme e dinamismo nesta montagem teatral de um livro tão importante. Os atores estão soltos em cena, mostrando que sabem o porquê de estarem ali.

"Já estamos pensando na última fase do projeto, que será a montagem de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, onde iremos emocionar e divertir o público como estamos fazendo com o nosso “Quincas Borba”. Espero que Machado, o arquiteto de personalidades, não se zangue da maneira como simplificamos sua obra prima, mas este é o trabalho do artista: criar, transformar e recriar" (Ivaldo Cunha Filho).

 
SOBRE A MONTAGEM
 
“Quincas Borba, o Musical”, produzido pela Marketing Eventos Culturais, revela toda a maturidade da Companhia, capitaneada por Ivaldo Cunha Filho, que já possui vários espetáculos de qualidade reconhecida em seu repertório.

Da consagrada obra homônima de Machado de Assis, numa adaptação livre de Moisés Neto, “Quincas Borba, o Musical”, está, no nosso entender, entre os melhores espetáculos produzidos em Recife no ano de 2003, oxigenando assim a cena local.

Podemos definir o espetáculo como uma agradável tarde num circo mambembe, onde a comédia, ora de forma sutil, ora de forma explicita, provoca deliciosas gargalhadas na platéia. Detalhe importante: Sem apelar para a baixaria ou lançar mão de palavras obscenas. Esta poderia ser a mais fiel definição do espetáculo.

Ao lado de Ivaldo Cunha filho estão a dividir o palco: Diógenes de Lima, Fernanda Luna e Francis de Souza, que desenvolvem a cena com competência e profissionalismo.

Glauco Cazé, Danilo Cizino e Cristina Siqueira, que executam as músicas ao vivo, merecem ser citados, pois suas performances são um show à parte.

Parabéns a toda a equipe pelo competente trabalho.

Recife, 19 de setembro de 2003.

Feliciano Félix (Presidente da ARTEPE, ator, professor de teatro e produtor cultural)
 

Depoimentos

MOISÉS NETO (Autor):
 
A transcrição do gênero narrativo para o gênero dramático, categoria musical, não é tão simples quanto possa parecer para alguns, principalmente quando se trata de um clássico como o “Quincas Borba” do consagrado Machado de Assis. Já li algumas vezes a obra completa de Machado no que diz respeito a contos e romances publicados e também já tive oportunidade de assistir a algumas das adaptações desta obra para teatro e cinema. Já adaptei para o teatro o seu “Dom Casmurro” e agora Ivaldo Cunha produziu e dirigiu o meu “Quincas Borba”. Assisti a montagem e acho que o resultado foi compensador. Resumi com muito cuidado as idéias centrais de Machado e dei destaque para a sua escrita, preservando muitas de suas construções sintáticas, mas, principalmente, mantive a visão que ele demonstra sobre os relacionamentos humanos. O fato de ter colocado a trama do romance interpretada por atores de um circo decadente, ironicamente chamado de “Circo das Letras” pode até incomodar as pessoas mais retrógradas, que lêem Machado de Assis de viés e se julgam conhecedores da alma do bruxo do Cosme Velho. Machado, claro, é muito bem humorado e aí está uma das chaves para seu sucesso que já perdura mesmo depois de quase um século depois da sua morte. Interpretado por quatro atores e um conjunto executando as músicas ao vivo, este espetáculo é no mínimo audacioso e polêmico, como já insinuamos. Para os que realmente amam Machado é uma homenagem irreverente, para os que querem conhecê-lo, deve ser no mínimo excitante. Dou meus parabéns a todos os envolvidos neste empreendimento capitaneado por Ivaldo e Helena Siqueira.

Sim, vão assistir à esta peça e conheçam Sofia Palha, a esposa interesseira e insinuante, o marido dela, Cristiano Palha, Dona Fernanda, a intrigante e tantos personagens que lhes trarão o prazer de conhecer uma façanha da humanidade que para muitos só pode ser encontrada no livro.
Afinal, esta peça foi escrita com todo o meu amor para vocês, o público.

ADRIANO MARCENA:

Para a grande maioria dos adolescentes, não há nada mais sacal que ler os ‘clássicos da literatura brasileira’, tornando-se comum jargões do tipo: – “Machado de Assis é um saco!”, – “José de Alencar é um tiro no ovo!” ou – “Meu irmão, pense num negócio sem graça, são esses livros...” São frases ‘quase’ feitas e que se tornaram comuns – há exceções, bem poucas é verdade – no Ensino Médio. Será a linguagem dos grandes escritores que não cria a famosa comunhão leitor/obra diante da atual geração? Ou será que ler é um hábito, infelizmente, pouco vivenciado entre nós? Quem terá razão: o professor ou o aluno?

Recentemente, assisti ao espetáculo Quincas Borba, comédia circense, e ao término, conversei com alguns alunos sobre a peça e todos estavam satisfeitos, pois o que mais lhes encantou fora o fato de terem entendido toda a trama da peça, que conta a história de uma trupe circense que decide encenar o “Dramalhão” Quincas Borba, sentiram-se felizes por comungarem com o autor, diretor, atores, músicos e produtores. O riso foi outro fato marcante. A comunicação foi estabelecida e isto se deve levar em conta, sobretudo em teatro, pois muitas vezes o público se pergunta: “O que é que estou fazendo aqui?" O elenco ainda crescerá muito, pois boa parte é tecida do improviso, do insulto, da bufonaria e quanto mais se exercitarem, inevitavelmente, ganharão mais dinâmica, agilidade, ritmos, enfim, o ar circense. Pena que os mais conservadores encontrem defeitos profundos em tudo. Como o nome diz, são conservadores...

Utilizando-se do humor simples, da metalinguagem e com um elenco afinado que descarta a apelação, Quincas Borba cumpre sua proposta que é contar a história de Rubião, um professor que recebe uma boa herança, porém com a condição de cuidar de um cachorro, curiosamente, também chamado de Quincas Borba. A adaptação do dramaturgo Moisés Neto, do romance de Machado de Assis, foi brilhante: inteligente, ágil, leve, de humor sutil e com uma boa carpintaria. É bm presenciar o público feliz ao término de um espetáculo que alguns, bem poucos na verdade, disseram que Machado de Assis estaria revirando-se no túmulo. Que me perdoem Machado de Assis e seus defensores ‘puritanos’, pois acredito que estando o público satisfeito com a obra, certamente é muito mais importante que vê-lo remexendo no túmulo. Afinal, a obra está bem viva...


Matérias publicadas
• JORNAL DA PARAÍBA - GERAL – PÁGINA 03 – 02/11/2003

ARTES CÊNICAS

OBRA DE MACHADO DE ASSIS GANHA MUSICAL ENCENADO EM CAMPINA GRANDE

O Centro de Convenções Raymundo Asfora servirá de palco amanhã (segunda-feira) para a apresentação de um musical inspirado na obra Quincas Borba, de Machado de Assis, sob a direção do pernambucano Ivaldo Cunha filho, da Cia. Marketing de Eventos. Em cena, os atores/cantores/ dançarinos Diógenes de Lima, Fernanda Luna e Francis de Souza. Executando os instrumentos ao vivo, Glauco Cazé, Danilo Cizino e Cristina Siqueira. O ingresso custará 7 reais.

O espetáculo é considerado um dos melhores já produzidos em 2003 em Recife, pela crítica especializada. Utilizando-se de humor simples, da metalinguagem e com um elenco afinado que descarta a apelação, Quincas Borba cumpre sua proposta, que é contar a história de Rubião (só que de forma circense), um professor que recebe uma boa herança, porém com a condição de cuidar de um cachorro, curiosamente, também chamado de Quincas Borba. O livro machadiano representa a filosofia inventada por Quincas Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem e que fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos superiores e espertos, como Palha e Sofia, que no fim da obra terminam vivos e ricos.

Antes de Quincas Borba, o diretor Ivaldo Cunha Filho montou Dom Casmurro, outra obra machadiana. Quincas Borba é uma gostosa brincadeira séria com a obra de Machado de Assis. "Fizemos um grande trabalho de pesquisa de época e de leitura de obras", explica o diretor, que recebeu a colaboração de Moisés Neto na adaptação do texto para o palco. O grupo diz que em 2005 já planeja um novo espetáculo: Memórias póstumas de Brás Cubas.

• JORNAL DO COMMERCIO - CADERNO C - TEATRO – 13/02/2004

Textos de Machado de Assis e Jorge Amado são montados no Barreto Jr.

Na semana pré-carnavalesca, quando a maioria dos teatros já começam a paralisar suas atividades, o Teatro Barreto Júnior coloca em cartaz dois espetáculos: Quincas Borba, baseado no texto de Machado de Assis, e O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, inspirado na obra do baiano Jorge Amado.

A primeira produção entra em cartaz nesta sexta-feira, a partir das 20h, e tem direção de Ivaldo Cunha Filho, com adaptação do dramaturgo pernambucano Moisés Neto.

A história se passa no Circo das Letras, cujos integrantes decidem montar o drama Quincas Borba. O que deveria ser um espetáculo sério, acaba virando uma comédia, quando o professor Rubião recebe uma herança do filósofo Quincas Borba. O amigo deixa tudo para ele: dinheiro, jóias, livros e ações. Em troca, ele teria que cuidar do cachorro do finado.

Ele viaja ao Rio de Janeiro e lá conhece Sofia, a esposa do seu sócio, Cristiano Palha. Fica tão apaixonado que enlouquece e protagoniza momentos hilários.


TEXTO
Texto integral de "Quincas Borba" em Acrobat PDF (216 KB)




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