Palco Dona Santa

Praça da Várzea - a partir das 18h

- Sábado, 24/2

  Mistura e Manda

  Zabumba de Virgulino

  Swing Banda Show

  Aurinha do Coco

  Banda Pau e Corda

  Quinteto Violado

  Orquestra de Frevo de Mendes

- Domingo, 25/02

  Orquestra de Frevo do Bloco Acordes

  Brincantes

  Rogério Rangel

  Abissal e os Caboclos Endiabrados

  Dalva Torres

  Pisa na Fulo

  Antúlio Madureira

  Orquestra de Frevo Harmonia

- Segunda, 26/02

  Azabumba

  Serra Veia

  Don Troncho

  Selma do coco

  Edy Carlos

  Antônio Nóbrega

  Orquestra de Frevo Os Tangarás

- Terça, 27/02

  Orquestra do Bloco Cordas e Retalhos

  Os Caba

  Fátima Marinho

  Nave Cambinda

  Ângela Luz

  Coral Edgar Moraes

  Orquestra de Frevo Maia

Palco Campo do Rio Una

Ibura de Baixo, a partir das 18h

- Sábado, 24/2

  Tribo Dance

  Antenados do Ibura

  A Cabra Alada

  Som da Terra

  Silvério e Bate o Mancá

  Orquestra de Frevo Kaliente

- Domingo, 25/02

  Gande

  Batuque de Peixinhos

  Via Sat

  Faces do Subúrbio

  Edy Carlos

  Orquestra de Frevo Som Brasil

- Segunda, 26/02

  Os Moleques

  Inhame Jam

  Mundo Livre S/A

  Serginho de Olinda e Maracafrevo

  Marcílio Lisboa

  Orquestra de Frevo Harmonia

- Terça, 27/02

  Pique Brasileiro

  Blush

  Quinteto Violado

  Cordel do Fogo Encantado

  Antúlio Madureira

  Orquestra de Lessa

VII - DONA SELMA QUEBRA O COCO DE NOVO

         A turma se aproveita do carnaval pra tirar o atraso. É o caso da nossa tão badalada rainha do coco, Dona Selma. Morando na casa que construiu em Olinda ela detona: "Estou lançando o CD "Jangadeiro" com 14 músicas, é uma música linda que me arrepio quando canto. As músicas são minhas e de Zezinho, só uma é que é de um amigo meu. Já gravei na Alemanha e tudo, quando canto penso no lugar onde estou, Itamaracá, Bahia, Berlim. Zezinho mudou a percussão. As músicas são boas. Tem até "a rolinha 2"! Se não pegar... não tem problema. Do outro disco acho que vendemos 30 mil, a gravadora não mostra a planilha, direito autoral a gente só recebeu uma vez. Esse ano vou representar o Brasil no New Orleans Festival (EUA). Nesse carnaval 2001 tô fazendo show no Recife, Olinda e Jaboatão, o pessoal que está nas prefeituras todos gostam de folclore".

VIII - R$ 150 MILHÕES A MAIS?

         Sim. Para a economia do estado durante o carnaval (confecção, calçado, etc.). Além disso os 400 mil visitantes incrementam 30 mil empregos e 90 mil ocupações em Pernambuco.

         Bares, pousadas, restaurantes e hotéis resolveram honrar a semana pré-carnavalesca em Olinda.

         Só é ruim para os motéis, cuja freqüência nesta época do ano, alegam os proprietários, é baixa. As pessoas preferem "outros locais" para fazer sexo ou o que quer que seja que se faz hoje em dias em tais lugares.

         O governo entregou à Secretaria de Defesa helicóptero e carros novos.

         Um trem saiu do bairro de Areias e estacionou no Recife Antigo trazendo 900 pessoas, que vieram em 8 vagões. São os "passistas do trilho" que saem há 2 anos na semana "pré". O bloco existe há 10 anos, é o "atrás do trem elétrico", formado  por funcionários da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos.

         Mas nem tudo foram flores... O Jornal do Commercio deu uma nota triste na sexta-feira "pré":

CARUARU

PREFEITURA TRATOU JACINTO COMO INDIGENTE

         O povo simples e os artistas populares de Caruaru se emocionaram na última quarta-feira (22-02-01), na despedida de Jacinto Silva. O Velório Dom Bosco estava lotado de amigos, fãs e companheiros de trabalho. Compositores como Ivan Bulhões, Biliu de Campina, Manezinho Silva, radialista estavam lá. A família recebeu telefonemas preciosos como o de Marinês forrozeira histórica que trabalhou como Jacinto, como também de Xangai que gravou músicas suas.

         Com a colaboração natural dos amigos e da família, o corpo de Jacinto Silva foi sepultado no Parque dos Arcos com glória de um grande personagem que colaborou para consolidar Caruaru como a Capital do Forró. Não teria sido assim. A Secretaria de Cultura da Cidade se ofereceu para colaborar "de alguma maneira" com a família, que solicitou um jazigo, já que as despesas com hospital e remédios havia sido grande. Para tristeza de muitos, a municipalidade resolveu doar um jazigo no cemitério novo da cidade, mas na parte de indigentes!

         "Espero que João do Pife, Tavares da Gaita, Azulão, Onildo Almeida entre tantos, recebam uma especial atenção da cidade, pois são eles que fazem a autenticidade permanecer viva naquela cidade maravilhosa", alerta Silvério Pessoa, que deu continuidade à obra de Jacinto Silva divulgando, durante o Carnaval, o disco Bate o Mancá, que gravaram juntos.

IX - LUCILA!

         "Ousar. Correr riscos. Supreender. Cintilação de purpurina (...) imagens velozes ao som dos pássaros que nos despertam na madrugada. Tradução do enigma particular ao código genérico onde alguma coisa sempre está por acontecer. Todos poderemos, sim, nos levantar de súbito e seguir sem remédio o estrangeiro tocador da flauta mágica, na certeza de que todas as nossas vidas serão alteradas.

         Segundo Henry Miller o escritor é um médium que ao sair do transe fica atônito com o que disse e fez: um artista é sempre alguém que tem antenas e sabe como se ligar às correntes da atmosfera. Porque as coisas estão todas no ar, pedindo um intérprete para lhes dar voz. E o verso pode ser a fantasia que alegra o sentido gasto das palavras.

         Por outro lado, um baú é objeto que se destina a guardar segredos. A proteger dos olhos curiosos enigmas silenciosos. Um baú de espelhos, seria talvez aquele que, ao abrir-se, refletisse a face de quem o contemplasse, ávido de surpresas e aventuras. Na verdade é assim que funciona a poesia nas estruturas transparentes da imaginação.

         (...) as várias lâminas que o poeta nos oferta vitalizam um roteiro a seguir".

         O carnaval é assim: lampejos, alucinações, suor, bebida, comida, fantasia e realidade um beijo "TRAVOSO".

         Voltemo-nos para Lucila, que citando FRANCISCO BANDEIRA DE MELLO do livro "BAÚ DE ESPELHOS", diz:

         "Impregna toda essa trajetória uma doçura renascentista que não descarta uma fina ironia onde não estão exilados o delírio e a loucura. O poeta de olhos lúcidos canta entre paragens de melancolia, homem na multidão com os olhos molhados e vendados em direção à visão interior, ao 'pudor dos pássaros aflitos, aos 'amargos e inúteis comentários', às coisas que esperamos do sonho'.  Uma criança se despede de seu vôo junto 'a torre velha e vermelha'."

         É o sopro poético dos olhos de cristal de murano de nossa tão querida poética tentando cristalizar também "o tédio obscuro que nos persegue no mormaço persistente do arquipélago do Recife."

         Se Lucila é comedida e sutilmente nos ilumina. A professora Nelly de Carvalho, ao referir-se especificamente ao Recife no Carnaval, Exaltou: "foi Pernambuco que moldou a parte mais característica da alma brasileira: a saudade. Para ele, ninguém cantou a saudade como o Recife. O frevo, como disse João Cabral, é memória de cabeceira: densa, recortada, legível, que restou para o poeta como o único ritmo que amava.

         Além da saudade, o frevo é transbordante de lirismo, o que combina pouco com multidão, agitação, algazarra. Saudoso e lírico, o frevo parece cantar mais do que o adeus à carne (carne vale) ou às alegrias. Faz o poeta-compositor cantar o romance mais bonito que teve na vida e que tão cedo terminou, mas cantar sobretudo o Recife, prateado à luz da lua que surgiu, voltar impelido pela saudade grande dos maracatus, do Vassouras, nas ruas repletas, confessando: "Sou do Recife com orgulho, com saudade".

         O frevo, diferente do samba, não é o espaço da crítica social nem do protesto político. O frevo reina absoluto como espaço para liberar emoções represadas durante o ano inteiro, transbordando incontidas, aos borbotões, na voz da multidão. O Recife é a cidade de presença mais maciça na lírica nacional". (Segundo Edilberto Coutinho).

         Será que segurança, compras, turistas, poesia, originalidade e fascínio pelo "frevo", nos fará, de cesta forma mais ricos? Mais resistentes ao preconceito e à injustiça social.

         O Recife - esfinge espraia-se no sertão de nossos prazeres e mágoas.

         EVOÉ: O CARNAVAL MASCARA-SE E VAI ÀS RUAS, 205 delas interditadas em toda a Região Metropolitana do Recife (119 no Centro do Recife, 75 em Olinda, 65 para o desfile do Galo da Madrugada, 11 para os Pólos da Várzea, Casa Amarela e Água Fria. Uma das "dicas" é usar o metrô).

         Ônibus e táxis facilitam a vida dos foliões que bebem álcool. Para quem "se garante" e vai dirigindo, grandes estacionamentos margeiam os focos de animação. (continua)