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Morando no centro do Recife desde o início dos anos 80, Moisés acompanhou de perto a metamorforse cultural sofrida pelo Recife nos últimos anos. Um dos expoentes do teatro "underground" recifense na penúltima década, Moisés literalmente presenciou o nascimento do manguebit ( ou cena recifense, como querem alguns). Conta : "Por volta de 84, costumávamos freqüentar, à noite, o bar Mustang, na Conde da Boa Vista. Do outro lado da avenida, havia um prédio abandonado ( hoje ocupado por um banco ). Lá, um grupo de rapazes sempre se reunia para dançar break (estilo de música e dança originada nas ruas de Nova Iorque, em voga na época ). Um desses garotos era, eu soube depois, Chico Science". Além da obra, o que mais Moisés admirava em Chico Science era "a sua capacidade de neutralizar a crueldade do Recife. Sempre houve artistas talentosos na cidade, mas só após Chico, com seu sorriso e simplicidade, a arte conseguiu florescer." Sobre a elaboração do texto, Moisés explica: "A análise segue a ótica pós-moderna, experimentalista no sentido de mesclar ciência ou os termos dela com vida." Apoiando-se, um pouco à maneira de Roland Barthes, em citações que vão dos estudos de Adolfo Colombres até letras de canções pop, Moisés disseca a obra de Science, às vezes em tom quase professoral, às vezes atirando sobre ela a paixão do fã e a mordacidade de seu estilo literário que freqüentemente causa controvérsia. No lado documental, entrevistou amigos de infância do artista ( um deles inclusive contou a Moisés que, quando criança, Chico desejava ser padre ), contrapôs informações contraditórias que recebeu sobre aspectos da vida do músico ("Há muitas", revela ) e consultou todo o material publicado sobre ele pelas imprensas local, nacional e internacional. A edição eletrônica, em Acrobat PDF, está disponível para download gratuito neste website. |