Livro de Moisés Neto registra repercussão da mídia

"É um jogo de rimas e fatos. Palavras que não pude calar. Não posso cantar as glórias, não há herói a se louvar. As divindades postas de lado, os homens assumem seus destinos Tão distantes acontecimentos trazidos pela mídia em desatinos..." Talvez este verso isolado não diga nada, mas se relacionarmos à complexidade da obra, seria uma descrição perfeita, do que o professor, ator e escritor Moisés Neto, pretende indagar no seu mais recente livro: Notícias Americanas: um poema épico-trash sobre a guerra americo-afegã. O livro é uma reportagem em versos, é um tragicômico poema épico sem heróis, como o próprio Moisés define. Trata-se do registro da cobertura jornalística do atentado que entrou para a história mundial, o então aniversariante 11 de setembro. Mas não é apenas um arquivo comum de textos, reportagens e descrições do fato, e sim uma interpretação de como foi repassada a realidade para os recifenses, de como os significados e a própria história foi se construindo. Mas será que isto não já foi, ou está sendo feito? Cabe ao leitor averiguar se os argumentos de Moisés são contundentes, pelo menos um poema épico sem heróis nunca foi feito antes.

A pesquisa de Moisés começou às 12h do dia 11 de setembro de 2001, quando ao sair da sala de aula descobriu na rua o que tinha acontecido, exatamente 30 minutos após as duas torres caírem, incidente este, responsável pela morte de quase três mil pessoas. Por não se contentar com o óbvio e com o, lugar-comum , foi adiante, investiu em prestar atenção nas especulações que mídia explicitava diariamente. Analisou o discurso, a imparcialidade, as vozes presentes na elaboração do conteúdo até maio desde ano, quando concluiu as 120 páginas de quadras rimadas. "É o momento da sociedade se voltar para a compreensão mútua. O livro é um grito de respeito à dignidade humana", explica o autor.

TRAGETÓRIA (sic) - Atento às mudanças sofridas nos últimos anos, Moisés Neto, é figura ativa na construção da identidade pós-moderna pernambucana. Tido como um dos expoentes do teatro "underground" recifense na penúltima década, ele é testemunha do nascimento do manguebit. O primeiro poema de Moisés Neto foi publicado em março de 1980, e sua estréia em teatro como ator se deu quatro meses depois, com o espetáculo infantil Dona Patinha vai ser Miss, dirigido por Buarque de Aquino. Muita coisa aconteceu depois, ele desistiu de ser antropólogo, começou a se dedicar às artes cênicas e iniciou a relação com a literatura. Só em 1993, surgiu o primeiro romance A Incrível Noite, uma história de humor negro passada no Recife. Depois em 85 estreou como autor teatral com a peça Verdades e Mentiras - O Diário secreto de Janis Joplin, daí não parou mais, oficializou a Ilusionistas Corporação Artística, com a qual produziu 19 peças. Seu último texto Para 1 Amor no Recife foi encenado por Carlos Bartolomeu e recebeu da Associação de Produtores os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Ator (Gustavo Lago), Melhor Iluminação e Melhor Trilha Sonora ( DJ Dolores). Formado em Letras e Pós-Graduado em Literatura, o grande passo como escritor foi fruto do livro Chico Science - A Rapsódia Afrociberdélica, uma análise da obra do músico pernambucano falecido em 1997, que na verdade teve origem como tema da monografia da pós-graduação.

SERVIÇO: Notícias Americanas Autor: Moisés Neto Preço: R$ 10,00 à venda nas Livrarias Imperatriz Lançamento: Quarta-feira (11 de Setembro), Memorial de Medicina (Sede da Covest) na praça do Derby às 19 horas. Na ocasião serão realizadas apresentações dos grupos A Tribo, Luardarte e circenses. Por Samantha Gutemberg Especial para o PERNAMBUCO.COM (10.09.2002)




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