"A competência do multicultural Moisés Neto é imensurável. "Passagem" representa mais uma obra vinda para enaltecer sua sensibilidade poética que tudo percebe. Moisés não atinge em seus poemas apenas o seu mundo. Alcança também universos distantes através de suas divagações.Universos nem sempre compreendidos ou respeitados ou até mesmo inatingíveis apesar de tão próximos dos nossos olhos, mas tão longe de nossa percepção simplesmente humana.

É fácil perceber a leveza na qual o autor produz sua obra, reproduz sua vida e seduz o leitor, com a dureza de suas palavras diretas, sem rodeios, atingindo o lirismo incontido e expresso profundamente em sua arte. Ele não procura a expressão melhor em cada verso para expressar seu lirismo, pois já possui, em sua alma, uma excelente expressão artístico-poética.

A produção deste artista é coberta e recheada por suas raízes, por sua terra e de suas terras, seja no Recife, no Janga, no Rio de Janeiro, no Cairo, em Lisboa, em Barcelona, em Havana ou em qualquer lugar do mundo que ele vive percorrendo: Moisés não está só. Ele está sempre dentro dos mundos e fora deles, com uma visão de águia sobre sua presa, sentindo os cheiros dos arredores.

Um cérebro não pára, um cérebro nunca está só, está acompanhado de idéias e pensamentos que só ele sabe até o momento que fala. Moisés não pára, Moisés não está só... não é egoísta, compartilha com os leitores seu mundo, despertando fome de poesia e alimentando-nos. Qualquer coisa sem importância logo muda de figura se for poetizado por ele: “Lobos”, ”Medula”, “Tarântula”, Licor”, “Bar”, “Filme”, “Folhetim”, até pergunta: “Qual o sentido de ser feliz?”, mas não é para responder, é para catucar.

Neto observa cada traço do seu objeto poetizado, representa cada momento com suma grandeza, cada sentimento – próprio ou alheio – é retrato, cada movimento faz parte de suas considerações.

A categoria depositada por Moisés Neto em sua arte (seja ela dramática, lírica, ou qualquer outra) é exclusiva de um artista que inclui em suas obras o submundo, os subumanos e os suburbanos, aos quais se entrega “c-o-m-p-l-e-t-a-m-e-n-t-e”.
Bárbara Andalúzia, professora.
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