Elizabeth Taylor: 70 anos de Vida, 60 de Carreira
 
por Henrique Amaral
 
 No artigo anterior sobre Liz duas erratas: onde se lê Campbell Playhouse leia-se Hallmark Playhouse e a citada campanha do centavo chamava-se no original March of Dimes (4 de janeiro de 1946) e era destinada a arrecadar fundos contra a paralisia.

No rádio, Liz esteve ainda no programa Louella Parsons (ABC, Los Angeles, 13 de julho de 1947), apresentou o Oscar de melhor figurino a 23 de março de 1949 (Rádio ABC), atuou no programa Best of All em adaptação de seu filme A Última Vez Que Vi Paris (The Last Time I Saw Paris) e foi entrevistada por Jean Shepherd para a rádio WOR, de Nova Iorque, durante a festa de um ano de lançamento do filme A Volta ao Mundo em 80 Dias (Around the World in 80 Days), a 17 de outubro de 1957.

Na relação de seus filmes – que pode ser conferida no “site” us.imdb.com/Name?Taylor,+Elizabeth – na década de 40, talvez os mais importantes tenham sido As Delícias da Vida (Cynthia), em 47, e Quatro Destinos (Little Women), em 49.

Na década de 50, além de seus filmes, seus casamentos passaram a chamar muita atenção na imprensa. Duas comédias deliciosas marcam o início da década, acompanhada pelo ótimo Spencer Tracy: O Papai da Noiva (Father of the Bride) e O Netinho do Papai (Father’s Little Dividend), respectivamente em 50 e 51.  É de 1951 também um de seus maiores trunfos, Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun), considerado por Charles Chaplin um dos mais belos filmes de todos os tempos. É quando os críticos começam a prestar atenção em Liz.

Uma enxurrada de filmes fracos, o sucesso comercial de Ivanhoé, o Vingador do Rei (Ivanhoe) e muita publicidade nas revistas afastam um pouco sua cotação como boa atriz e a colocam mais como um belo enfeite.

A situação só se reverteria em 1956, com o lançamento de Assim Caminha a Humanidade (Giant) e seus filmes seguintes da década de 50, A Árvore da Vida (Raintree County), em 57, Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot. Tin Roof), em 58, e De Repente No Último Verão (Suddenly Last Summer), em 59; é quando ela passa a acumular um Globo de Ouro Especial e três indicações ao Oscar,  que ela ganharia em 60 por uma boa interpretação num filme banal, Disque Butterfield 8 (Butterfield 8).

Na década de 60, os grandes sucessos eram de produção caprichada mas de qualidade duvidosa, como Cleópatra (Cleopatra), de 63, e Adeus às Ilusões (The Sandpiper), em 65, mas também fez os ótimos Quem tem Medo de Virginia Woolf? (Who’s Afraid of Virginia Woolf?), em 66, e que lhe deu um segundo Oscar de Melhor Atriz, e A Megera Domada (The Taming of the Schrew), em 67, um dos poucos originais de Shakespeare levados à tela que não é chato ou teatral demais.

Os outros filmes da década de 60 não fazem muito sucesso e são filmes de pouco apelo popular, como Os Pecados de Todos Nós (Reflections in a Golden Eye), de 67, de John Huston, que tem alguns instantes de perversão sexual que desembocam num clímax interessante, mas para isso você tem que agüentar muito falatório insosso, e as complicadas experiências do gênio Joseph Losey, O Homem Que Veio de Longe (Boom!) e Cerimônia Secreta (Secret Ceremony), ambos de 68.

Na década de 70, Liz estrelaria mais alguns filmes – salva-se, X, Y, Z (Zee and Company), de 72 – mas sua presença constante na imprensa continua sendo seus maridos e ex-maridos, suas doenças e em seguida, seu peso.

A partir dos 80, Liz se voltou completamente para a TV onde estrelou alguns veículos para o seu estrelismo e fama, mas nada de outro grande filme ou sucesso estrondoso. Em 89, deu uma parada nos personagens, retornando em 94, em Os Flintstones (The Flintstones – The Movie) e depois de muitos anos, voltou à cena no telefilme These Old Broads (2001), massacrado pela crítica.

Mas Liz nunca parou de atuar realmente. Fez vozes em séries animadas, incontáveis especiais de TV, foi tema de inúmeros documentários e a partir de 85, quando fundou com a doutora Mathilde Krim, a amfAR (American Foundation for Aids Research), passou a contar com mais cobertura ainda da mídia, levantando a bandeira da luta contra a Aids.

A lista de inéditos no Brasil da videofilmografia de Liz é surpreendente e vai desde seu primeiro filme, There’s One Born Every Minute (42), passa pela experiência do produtor Mike Todd Jr., Scent of Mistery  (60), que utilizava cheiros durante a projeção e chega à adaptação para o cinema do rádio-poema de Dylan Thomas, Under Milk Wood (71). Outros inéditos: suas participações nas telenovelas General Hospital, em 81, e All My Children, em 83, o musical A Little Night Music (77), baseado em Stephen Sondheim, por sua vez baseado em Ingmar Bergman e Shakespeare, além do episódio Intimate Strangers, da série Hotel, em 84 e o também inédito Lucy Meets the Burtons, da série Here’s Lucy , em 70.

Dos especiais de TV, não vimos os que talvez tenham sido mais interessantes, que são os seis especiais que ela fez com Bob Hope, entre 1978 e 1986: Happy Birthday Bob (78), Stand up and Cheer for the National Football League’s Sixtieth Year (81), Women I Love (82), Star-Studded Spoof of the New TV Season (82), Unherearsed Antics of the Stars (84) e High-Flying Birthday (86).

Segue uma relação que deve ter seu interesse (todos inéditos no Brasil):
North and South (1985) (minissérie de TV)
Ken Murray Shooting Stars (1979) (antologia)
Hollywood Outtakes and rare Footage (1984) (antologia)
An All-Star Celebration Honoring Martin Luther King Jr. (1986) (especial de TV)
Hollywood on Parade (1990) (antologia em vídeo)
A Closer Look: Elizabeth Taylor (1991) (TV)
In a New Light (1992) (TV)
Primetime Interviews with Diane Sawyer: Michael Jackson and Lisa Marie Presley (1995) (especial de TV)
James Dean: A Portrait (1996) (TV)
Celebrities vs. The Press (1997) (TV)
Hollywood vs. the Paparazzi (1998) (vídeo)
Get Bruce (1999)
Hollywood Fashion Machine (2000) (TV)
These Old Broads (2001) (TV)
Biography: Richard Burton – Taylor-made for Stardom (2002) (TV)
 
Esta é uma pequena lista dos inéditos de Liz no Brasil: existem vários outros documentários, curtas ou longas, simples registros de eventos, cinejornais, programas de TV, mas procurei me ater ao que me pareceu mais interessante.

A vida de Liz é coberta pelos refletores desde seus dez anos de idade. É como um “reality show” que já dura 60 anos. Quando achamos que ela se retirou definitivamente ela nos brinda com uma nova aparição, sempre sensacional, sedutora e nos últimos anos, com uma aura de humanismo que impressiona.

Uma sobrevivente de tragédias pessoais, de doenças e quedas, do alcoolismo e das “bolinhas”, da gordura e da decadência, sempre dando a volta por cima e provando ao mundo a possibilidade da mudança e do renovar. Muito mais que uma atriz de cinema ou dona de belos olhos, uma humanitária, uma cidadã do mundo, com uma garra impressionante e um senso de humor invejável.
 
O autor é ator, diretor, dramaturgo, poeta, pesquisador de cinema e radialista profissional. Nasceu no Rio de Janeiro a 30 de novembro de 1959, filho do engenheiro civil e militar Helênio Furtado do Amaral, mineiro, Coronel da Reserva, e de Teresinha de Jesus Vilarinho Amaral, piauiense, dona de casa, falecida em 64. Em 65, passou a ser enteado de sua tia, Maria dos Remédios de Sousa Vilarinho Amaral, que casou-se com seu pai. Tem mais sete irmãos, um deles, José, faleceu em 1994. Morou basicamente no Rio, Teresina e desde 1974, no Recife. Desde criança mexe com artes: HQs, pecinhas nas escolas, números musicais, de dança, folclóricos, contos, roteiros, poemas. Em 1978, passou a colaborar com o teatro pernambucano, na assistência de produção, estreando profissionalmente como ator em “Esquerda, Direita, Volver” , de Don Antonio, sob a direção de José Lopes Filho. Já perdeu a conta de quantos espetáculos e eventos artísticos participou mas destaca sua participação na Tarô Produções Artísticas, quando teve oportunidade de dar assistência de produção e fazer a divulgação de shows de Lulu Santos, Lobão, Nina Hagen e Paralamas do Sucesso, seus espetáculos na Ilusionistas, como “Punhal” (de sua autoria), “Verdades & Mentiras ou O Diário Secreto de Janis Joplin” (de Moisés Neto) e “Urânia no Rastro do Halley” (de Augusta Ferraz), seus inumeráveis espetáculos em bares, universidades e espaços alternativos, e sua participação no cinema, notadamente como Carlos Pena Filho em “Soneto do Desmantelo Blue” (1988/1993), de Cláudio Assis,  “Chá” (1988), de Paulo Caldas e em “Kuarup” (1989), de Ruy Guerra, em que atuou nas equipes de apoio à assistência de direção e de produção, além de fazer figurações. Em 2002, apresentou no Espaço Cultural História, no Recife Antigo, sua comédia satírica “Reality Show do Mangue”. Sua videofilmografia e biografia também pode ser vista no “site” citado no artigo de Liz no endereço seguinte: us.imdb.com/Name?Amaral,+Henrique. Não está completa mas tem o básico. Contatos pelos telefones 3427.1663 ou 3082.2947.




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