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...As HQs amadoras de Henrique Amaral (1967/1974) à luz de 2004
![]() Mas antes de tudo isso eu comecei a escrever em 1967, com uma historinha em quadrinhos chamada Júlia, uma espécie de heroína do bem contra o mal, essas coisas. Me apresentei também dançando o coco com a minha irmã em junho desse ano cantando um coco mais ou menos assim: é coco, é coco, é coquinho/ é coco, é coco, é cocão/ dinheiro,mulé bonita, é ar beleza do mundo/ olha o coco, olha o coco.... E fui criando mil e uma HQs e meus irmãos também e os meus primos também. Em junho de 69, estreei como ator na escola, em O Engraxate e a Princesa. Era uma espécie de romance entre os dois. O texto era da diretora do colégio, Dona Ísis, e a minha partner era a filha dela, Isinha. ![]() Em 90, os papéis...mais de cinqüenta desenhos...tudo amarelado, o papel se rasgando, mofado, comido. Ai, que trauma! Corri pra tentar salvar o que pude. Redesenhei alguns e salvei somente a história de outros. Mas, fiquei aliviado. Mas meu desenho em 90 era péssimo. ![]() Em 2004, Renato Specht, ex-dono do Metafísico Bar/Espaço Cultural Metafísico, pintor, ator, músico, cantor, promoveu três espetáculos da Ilusionistas em seu bar, e mais cerca de 75 esquetes, shows, peças curtas, exposições, o escambau, ele é um gênio e é humilde e muito bacana. Ele tem um desenho que a pintora e poeta Vera Regina de Moraes Machado considera naif. E ele redesenhou numa ótica muito particular dele, a primeira HQ. Então fiz uma ponte 1967/2004 e salvei um personagem. Vera Moraes também desenhou Kid Morgan e Daila e estou aguardando Hanois e devo enviar também para Arthur Dhalia, irmão de Heitor, que vão me redesenhar algumas histórias. Eu mesmo redesenhei, voltei a ter o prazer de desenhar, fiz umas experiências, foi um fim de semana cheio de recordações. Na mesma época, Luiz Eduardo Palumbo Cabral e Cláudio Palumbo Cabral descobriram meu e-mail no Le.Mangue de Ricardo Valença e me recontactaram. Moram no Rio e compomos em parceria várias canções entre 1976 e 1977 no Recife e Olinda. Eles eram filhos do comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros, que fica na divisa Recife/Olinda. Voltando à escrita, em 69, escrevi a historinha A Cortina (Luci não quer que o marido substitua a cortina do banheiro velha por uma nova, porque ela é muito apegada àquela velha cortina, uma amiga do tempo do casamento deles) e aí pronto. Uma carrada de historinhas. Eu chamo assim porque eu não sabia termos técnicos literários. Se era um conto, se era uma novela. Aí vieram Assassinato em São José do Rio Preto (perdida), Volta a São José do Rio Preto (1972, tenho), e escrevi 500 páginas de Esperança (1973, mas queimei toda, rasguei o que sobrava, não me lembro porque). Não posso me esquecer da fase de dançarino do corpo de baile do Shokky Som. Mil festas fizemos no Clube dos Mariscos (hoje, Naval), como os embalos de sábado à noite na mariscos discothéque, ou no desfile da Ele e Ela Modas no Clube Português com a presença dos astros da TV, Lauro Corona e Glória Pires, na época, em Dancinn Days já no finalzinho, em 79, me parece que a novela tinha começado em 78. E também no Internacional, no Sport Club. Eu já tinha dançado em 76 na quadra da católica, o rock dos anos 60, com Marlene Viegas, como minha parceira. Vitória Leal era a diretora do Colégio de Aplicação Padre Abranches. Tive 4 namoradas num ano só, Lúcia, Eliane, Wedja e Claudinete. Gostei de todas. Em 77, fui o pai da noiva no são João no são bento. Quando era pra dar um tapinha na cara da noiva, o ator, pei buf, veio de dentro. Foi um tapa tão forte que a menina ficou passada. Mas o espetáculo não podia parar. ![]() Pra quem não sabe ainda, meu último espetáculo foi Maria interpretado e dirigido por Geninha da Rosa Borges, no Tributo a Geninha da Rosa Borges, neste ano, 2004, tendo no elenco do evento, Moisés Neto, Germano Haiut, Vanda Phaelante & Renato Phaelante, Silvana Marpoara e Tahiane Quesado. Mas é que depois de um certo tempo, eu parei de divulgar na imprensa tudo o que eu fazia, ou eu divulgava ou eu fazia. Num dava tempo. Então, a partir de 1994, eu fiz coisas muito mais pra as platéias dos bares, tenho provas, fotos, documentos, panfletos, depoimentos, do que pra me mostrar grande na imprensa, estrelinha da cultura pernambucana, num é por aí. Em 2003, fiz o Criador e Criaturas sobre a obra de Moisés para o Quartas Literárias do Centro de Cultura Luiz Freire, lendo texto publicado no DP de Valdi Coutinho sobre o teatro feito por Moisés Neto e por mim; além disso, fiz umas performances nos bares, eventos como o Boemia, Vídeo e Poesia no Savoy. Fiz milhões de coisas no Savoy no ano 2000, depois em 2002, 2003 e esse ano ele fechou. Fui recitar, mas tive que recitar o meu mix de monólogo teatral com poema, chamado Os Dilemas de Raimundo na Nova portuguesa. Em 2001, fiz a performance Carlitos vai às Compras e recitei o poema Guerra santa?! no show de Kayto, no Berrante (fechou esse bar lotadíssimo do Rosarinho), escrevi a biografia de Oscarito e outras coisas. Poucas. É, acho que dá pra ter uma noção das coisas que uma criança pode fazer, um adulto pode fazer, através desse meu depoimento/desabafo, carinhoso, com você que me lê e com a cultura brasileira em geral, e universal. Estamos todos no mesmo barco, pois não?! Henrique, Recife, 27 de julho de 2004. |