Teatro na Terra do Frevo por Moisés Neto, especial para o jornal Govinda Falar sobre o teatro que se faz hoje em Recife é lembrar que a cidade já foi considerada o 3º pólo teatral do país, e que esta produção caiu muito no início dos anos 9o em plena efervescência do movimento Mangue. Muitos apontam a queda na produção local como fruto de uma política sistemática de desprezo pelos autores teatrais. Na virada do milênio surgiram então espetáculos que parecem fazer renascer nossa ribalta. Dentre os quis poderíamos ressaltar: Abelardo e Heloísa, Agnes de Deus, Para um Amor no Recife, Meia Sola, Coração de Mel, A Ilha do Tesouro e O Arquiteto e o Imperador da Assíria. Diretores como Carlos Carvalho, Carlos Bartolomeu, Cadengue, José Francisco Filho e estudiosos como Marco Camarotti vão pouco a pouco trazendo de volta uma época que parecia perdida para sempre. Produtores como Paulo de Castro, Paula de Renor, Simone Figueiredo, Edivane Bactista e Ruy Aguiar vêm se esforçando em busca de qualidade. Os exemplos mais palpáveis são vistos em mostras como Janeiro de Grandes Espetáculos, Todos Verão Teatro e no Festival Nacional de Artes Cênicas promovido pela Prefeitura do Recife. A presidente do Sindicato dos Artistas de Pernambuco, a atriz Ivonete Melo, também tem feito um bom trabalho no resgate da identidade cultural e uma classe tão discriminada que só há poucos anos conseguir ser incluída como profissão pelo Ministério do Trabalho. A política de regionalização da programação das emissoras de televisão locais certamente trará novas oportunidades para os artistas e técnicos, o problema são os interesses do grande capital que bloqueiam sempre tal decisão por parte do poder público. Precisamos valorizar mais nossos autores. Precisamos de uma voz pernambucana em cena. Precisamos de mídia. Não podemos minimizar o trabalho de artistas como os da Trupe de Barulho, que lota teatros em Recife há mais de dez anos. O TAP, um dos grupos locais com maior tempo em cena, precisa se renovar. O teatro tem que andar abraçado com o Governo e com a iniciativa privada. Os ingressos têm que ter preços populares. Os espetáculos locais não podem continuar vampirizando o folclore e o cangaço. Tem que haver espaço para todos os gêneros. Temos que ter mais autores locais, repito. Só assim atingiremos a maturidade que se faz necessária para a nossa sobrevivência na terra do frevo. Como disse o jornalista e compositor Ricardo Valença Monteiro em uma de suas músicas do espetáculo A Ilha do Tesouro: "Queremos qualidade de vida. Uma vida menos bandida. Chegou a hora. A hora é agora. Agora é a hora h!" |