Harry Potter

Por Moisés Neto

Joanne K. Rowling faz parte de um time de autores que mistura enciclopédia com ficção.

É assim: Faça  com que  todo o conhecimento da área que você vai abordar pareça uma grande e inconseqüente aventura . Como foi “O Mundo de Sofia”, “Jurassic Park” ou mesmo “Diário de um Mago”. Daí siga em frente e enriqueça.

No caso de Joanne,  o assunto é bruxaria e...escola: Hogwarts  é o nome do “educandário” para criancinhas se formarem em bruxos, estas criaturas que há séculos sofriam vários tipos de torturas e/ou eram queimadas vivas em praças públicas e hoje são estrelas da mídia.

“Harry Potter e a Pedra Filosofal” (263 páginas, Editora Rocco,RJ. 2000) foi o primeiro de uma série de livros escritos por Joanne  que tomaram o Brasil (e o mundo) de assalto . É a história de um garoto cujos pais eram bruxos e foram assassinados por um bruxo do mal  (Valdemort, uma espécie de Darth Vader de Guerra nas Estrelas).

O menino é criado por tios que o detestam pelos parentes bruxos, que eles querem esquecer. Até os 11 anos  Harry  dorme dentro de um armário e não sabe que é dotado de poderes. Ele tem uma marca na testa, uma espécie de raio, que ele depois descobre, é marca do lugar onde Valdemort tentou destruí-lo, no mesmo dia em que matou seus pais . Esta “tentativa” de matar Harry deixou Valdemort tão fraco que ele teve que ficar bebendo sangue durante anos para se recuperar, no caso até sangue de unicórnio, o que é claro não é tão fácil de conseguir, mas os seus adeptos o ajudam prontamente entregando inclusive o próprio corpo para que o mestre do mal aja clandestinamente.

Valdemort é o estereótipo do demônio: Olhos vermelhos, etc.,etc.. Já os bruxos do bem lembram a família de Samantha, do seriado de TV norte-americano  “A Feiticeira”.

Tudo começa quando a cidadezinha onde Harry mora vive um dia estranhíssimo : Invasão de corujas, gatos misteriosos  e fatos inusitados agitam a população e deixam os tios do menino(Os Dursleys), que sempre o maltrataram muito, desconfiados . E com razão: Os bruxos vieram para levar O menino  que completara 11 anos. Ele ganhara uma bolsa numa encantada escola de bruxarias ( Hogwarts). Chega-se lá de um modo bem peculiar: Jogando-se numa parede de tijolos que divide  as plataformas nove e dez da estação King´s Cross , em Londres.

Uma locomotiva vermelha o leva, junto com uma turma , para esta terra do nunca cheia de aventuras, feitiços, duendes, unicórnios, assombrações e... professores. Lá o bem e o mal convivem freneticamente num clima acadêmico cheio de humor e malícia. Uma espécie de país das maravilhas. Há jogos de xadrez com peças vivas e espelhos mágicos e, é claro, o quadribol  - esporte que se pratica montado em vassouras voadoras(Harry ganhou todo este material didático: Caldeirão, chapéu, ervas, vara, coruja ( a de Harry chama-se Edwiges) .Rúbeo Hagrid (guardião da chaves de Hogwarts, “mãe” de um dragão, o Norberto- chocou o ovo onde estava o bicho)foi seu acompanhante neste dia pelos subterrâneos inusitados da capital inglesa, só para iniciados).

Ao chegar na escola para bruxos os alunos são divididos em turmas, ou casas: Grifinória (onde habitam os corações indômitos.Ousadia e sangue frio e nobreza), Lufa-lufa (justos e leais.Pacientes, sinceros, sem medo da dor), Cornival (mente sempre alerta, grande espírito e saber) e Sonserina (Homens de astúcia que usam quaisquer meios para atingir os fins almejados ).  Um Chapéu pensador decide quem vai para onde.

“Hogwarts nos ensine algo por favor,/Quer sejamos velhos e calvos / Quer moços de pernas raladas,/ Temos as cabeças precisadas/ De idéias interessantes/Pois estão ocas e cheias de ar, /  Moscas mortas e fios de cotão./ Nos ensine o que vale a pena/Faça lembrar o que já esquecemos/Faça o melhor, faremos o resto,/ Estudaremos até o cérebro se desmanchar.” Este é o hino (a tradução de Lia Wyler não parece muito boa)  do colégio , que pode ser cantado com cada aluno escolhendo sua “música preferida”, diz Dumbledore, o diretor.

Trata-se de “um clássico de nossos tempos” afirma a editora Rocco. Parte da crítica afirma que o livro trouxe de volta às crianças e -por que não dizer? ˆ a alguns adultos , o “prazer de ler”.

A autora planejou a série com sete livros e recebeu do “Scottish Art  Council” um prêmio para concluí-los . Tornou-se um fenômeno internacional. Ganhou prêmios como o “British Book Awards Children´s Book of The Year” e , of course, o “Smarties Prize”, seja qual for a importância deste entre nós.

O fato é que demora muito para um personagem ficar famoso através de um livro, vejamos e ganhar fama internacional: temos Hercule Poirot e Miss Marple de Agatha Christie, Sherlock Holmes de Conan Doyle, Arsene Lupin de Maurice Leblanc e muitos outros que tiveram suas “aventuras” perpetuadas em diversas seqüências .

Harry Potter já vendeu cerca de setenta milhões de livros em   dezenas de idiomas  e enriqueceu sua autora.

O feitiço é forte já virou filme com orçamento de cento e trinta milhões de dólares (durante as filmagens foram encontradas seringas e outras evidências de uso de drogas  nos estúdios  da Warner Bros. ˆ atraindo a polícia, que deu uma “geral” nas dependências. Daniel Radcliffe é o nome o ator inglês que encarnará Harry , que logo aparecerá nas lojas na forma de centenas de produtos da “grife”.

No Brasil até o começo de 2001  cerca de quinhentas mil pessoas reviraram avidamente as páginas desta folhetinesca narrativa cheia de lances arrebatadores, tipo desenho animado(pode-se até pressentir aqueles efeitos especiais da Hanna Barbera & Cia .).

Harry, de acordo com o narrador, era famoso mesmo antes de saber falar. Por ter derrotado Valdemort, que ao matar os pais do menino lançou ao infante um raio na testa, que foi prontamente rebatido, deixando-lhe a citada cicatriz, uma espécie de raio.

“Ele vai ser famoso, uma lenda” , sentenciou a Professora (bruxa)Minerva, vice-diretora de Hogwarts, personagem “boazinha”, bons também são os irmãos Weasleys, Rony é o preferido de Harry (pobres), Hermione Granger é nossa pequena heroína(estudiosa). Do lado do mal temos o chato e perverso  Malfoy,  o professor Quirrel,  Snape  e outros menores em importância.

Os que não são bruxos, são “trouxas”, o primo de Harry, por exemplo, filho de tia Petúnia-irmã de sua mãe- e do tio Valter, por ter maltratado nosso herói e ser “trouxa”, nasce-lhe um rabo de porco.

“Não existe nem bem nem mal, só existe o poder, e aqueles que são demasiado fracos para o desejarem...”  .

Valdemort quer a pedra filosofal que foi tirada do “banco dos bruxos” e escondida em Hogwarts por medida de segurança, só assim ele vai recuperar e multiplicar as forças perdidas na batalha contra a  família de Harry, este novo Rei  forjado na Escócia.

O quarto livro da série chama-se “Harry Potter e o Cálice de Fogo e já vendeu 50 milhões de exemplares- aporta no Brasil no segundo semestre de 2001  e tem mais ou menos 700 páginas. Harry reencontra seus amigos para mais um ano na escola e enfrenta  sua adolescência, época complicada até para aprendiz de feiticeiro. Ele quer conquistar Cho Chang e aprender mais sobre a saga dos bruxos.

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Moisés Neto

Professor com pós-graduação em Literatura, escritor, membro da diretoria do SATED (Sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos de diversão em Pernambuco).


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