A Estética Racionalista . (Arcadismo e Neoclassicismo)

Este texto busca as influências da estética racionalista na literatura brasileira no período do Arcadismo.

O relacionamento literatura/filosofia vem desde a "Poética" de Aristóteles, e apesar de desenvolverem-se em campos completamente distintos, a razão e a assim chamada ficção literária têm, em alguns textos, interseções que merecem nossa atenção.

A questão do método valorizado por filósofos como Sócrates, fascinou e serve de base até hoje para a filosofia. No final do século XVII e por todo século XVIII, o mundo é marcado por uma corrente filosófica baseada no domínio do conhecimento, na razão, na moral. Rejeita-se qualquer autoridade, qualquer fundamento à religiosa. A beleza do objeto é o resultado de uma justa aplicação ao uso a que se destina.

O século XVIII assiste à apoteose da razão triunfando sobre a Fé e sobre o exagero Barroco. É a época em que se buscou um estado mais justo. No Brasil, o poeta Tomás Antônio Gonzaga, em uma série de poemas intitulados "Cartas Chilenas", denuncia os abusos do poder Português no Brasil.

Fingindo estar no Chile, o autor árcade critica os governantes portugueses em Minas Gerais:

"Que muitos homens, mais que feras brutos,

na verdade conseguem grandes honras!

Mas ah! Prezado amigo, que ditosa

Não fora a nossa Chile, se antes visse

Adornado um cavalo com insígnias

De general supremo, do que ver-se

Obrigada a dobrar os seus joelhos

Na presença de um chefe,

A quem os deuses

Somente deram a figura de homem"

T.A Gonzaga em "Cartas Chilenas"

Razão, natureza e verdade. Eis o lema que, inspirado nos iluministas franceses como Rousseau, inspirou nossos escritores Neoclássicos, período onde destacamos a importância do Racionalismo numa poesia que, além do bucólico, pregava uma sociedade mais justa e ética.

"Mesmo quando esses autores tratam de ir buscar a inspiração dentro de si mesmos, só o fazem em realidade por se acharem plenamente convictos de que o senso das normas estéticas ideais, universais e imorredouras, cada um de nós o traz impresso na própria alma e de que essas normas podem ser captadas por meio de faculdades em tudo comparáveis àquele senso comum cartesiano , à razão naturalmente idêntica em todos os homens".

De modo sistemático, é observado um apelo à "razão" poética que repudia o Barroco por este não oferecer, com suas invenções, nada que se possa conferir com o verdadeiro e por não abrir caminhos para razoavelmente investigarmos o gênio dos homens.

Como vemos, é o culto à razão e ao bom senso, muito embora poetas como Cláudio Manoel da Costa, inspirado pelo pensamento europeu desabafe :

"Aqui não é como o Tejo

...

Ao jeito desta serra nos cobrimos

De um bem tosco gibão

...

vivemos só da vil necessidade.

Da luta, do jogo ou dança

Tristes de nós neste país grosseiro".

Sérgio Buarque de Holanda sugere que Cláudio Manoel da Costa, dentre outros autores, teria sido influenciado por Adam Smith que escreveu "A Riqueza das Nações". Não são poucas as citações ao desnível social dos brasileiros na obra de Cláudio:

"Não basta além da pátria

peregrino vagar estranhos terras,

no horror das civis guerras

ensangüentar o braço às musas dado,

da torre e vil pobreza inda vexado

queres que gema, e conte em baixo preço

de seus estudos o cansado excesso?"

A busca da poesia sem artifícios foi o caminho trilhado pelos árcades. Longe fica o DEUS EX MACHINA, divindade que surgia do nada para forçar uma conclusão apressada.

O neoclassicismo exigiu uma "dieta Magra" para compensar o exagero Barroco. Então, a inspiração submetia-se a normas e doutrinas rígidas, era assim que se desenvolviam verdadeiros "Exercícios Mentais", retomando a questão do método na criação para atingir o "conhecimento verdadeiro de tudo que for possível".

Como sugeriu o intelectual inglês Francis Bacon, era necessário um método de investigação para chegar à elaboração racional das hipóteses.

Cláudio Manoel constata na natureza o caminho da verdade, da descoberta do equilíbrio, o Leitmotiv da existência:

"Bandas ribeiras, quanto estou contente

de ver-vos outra vez, se isto é verdade!

...

Os rebanhos, o campo

...

recebe (eu vos peço) um desgraçado,

que andou é agora por incerto giro

correndo sempre atrás do seu cuidado".

O francês René Descartes (1596 - 1650) reforçava esta busca no "Grande Livro do Mundo", a valorização do "Sujeito pensante", o trabalho lógico da mente. A clareza, a distinção, a razão é o centro do homem.

"Enganei-me, enganei-me — Paciência!

Ao menos conheci que não devia

Pôr nas mãos de uma extrema galhardia

O prazer, o sossego e a inocência".

Lamenta Tomás Antônio Gonzaga, refugiando-se na razão, no progresso moral.

Mesmo a beleza nos nossos poetas árcades aparece como elemento racional da forma realçando a verdade com sua luz. É a poesia como verdade, mas verdade como verossimilhança:

"Um pouco meditemos

na regular beleza,

que em tudo enquanto vive, nos descobre

a sábia natureza".

A natureza surge como "conhecimento verdadeiro" e o vôo poético se faz com moderação. O sujeito pensante transmite sua experiência sensível do mundo externo sem criar falsas hipóteses, como bem sugeriu o inglês John Locke, que é considerado o pai do Iluminismo.

Probabilidade lógica ou certeza irrefutável, as propostas neoclássicas fizeram o mundo girar mais tranqüilo, o convívio social mais tolerante. A sociedade de certa forma mais democrática, aberta.

O alemão Immanuel Kant é peça fundamental neste triunfo das idéias. Como ninguém, ele discerniu as artimanhas do raciocínio, da maneira do homem analisar-se e olhar para o mundo de forma a conhecê-lo e, de certa forma, reger o seu destino e o destino dos outros, através de critérios rígidos de convívio social.

O problema do conhecimento humano, quer venha pelos sentidos (empírico) ou pela razão ("puro" como sugeriu Kant), foi dissecado ao modo dos filósofos do mundo grego. Os exemplos eram categóricos e as afirmações não dependiam de nenhuma condição específica. Os chamados Juízos Universais e Necessários, os de que "duas linhas paralelas jamais se encontram no espaço" não dependem em nada do chamado conhecimento empírico (fornecido pelos sentidos).

Na literatura de língua portuguesa os poetas brincavam em frivolidade de assuntos ou virtuosismo da elocução, como no soneto de Rocha Pita.

"uma chama com outra há de aumentar-se

que em si mesmas não devem consumir-se

com razão deve logo duvidar-se

quando um amor com outro sabe unir-se

amor

como um fogo com outro há de apagar-se?"

A vida nas academias inspirou os "poetas filósofos" para que glosassem temas como: "Uma dama que, sendo famosa, não falava para não mostrar a falta que tinha nos dentes".

O momento poético da Arcádia nasce de um encontro com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação, segundo Alfredo Bosi, que prossegue: "O momento ideológico que se impõe no meio do século XVIII traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero". Daí à sátira política foi um passo. Como vemos nas já citadas "Cartas Chilenas" de Gonzaga.

A "procura do verossímil" é o clichê mais comum quando procuramos explicar o período Neoclássico, que também prima por exercer um "papel pedagógico" como sugeriu o pensador romano Horácio: "unir o útil ao agradável", na mimese do bem e do verdadeiro.

Em Portugal, destacamos a figura de Luíz Antônio Vernay que, com seu "verdadeiro método de estudar", apoiou-se nos Racionalistas Franceses, sendo o pioneiro nesta tendência de "Reformar a mente Barroco-Jesuística em Portugal", seguido por Antônio Sanches. Na França, Voltaire, com sua exposição razoável das normas clássicas e suas piadas que "Divertiam os salões parisienses" e lhe valeram um ano de prisão na Bastilha e o exílio em 1717. Anos depois, publicaria suas "Cartas Filosóficas", onde colocava em xeque as verdades impostas pelo rei e pela igreja católica. Zombou de Rousseau, dizendo faltarem na teoria do "Bom Selvagem", os princípios de Geologia, Biologia, Sociologia e Antropologia.

Muitos intelectuais do século XVIII sentiram um "agudo mal estar em relação a certos padrões morais e estéticos dominantes", mas os inconfidentes de Minas Gerais não chegaram a sugerir redivisão dos seus pertences, apenas sugeriam "evitar a sangria dos cofres mineiros", segundo Alfredo Bosi. No próprio Gonzaga, "colhe-se boa messe de profissões de fé proprietistas" exemplificado na Lira I, "É bom minha Marília, É bom ser dono".

Frei Santa Rita Durão (Minas, 1722-Lisboa, l784), acompanha o coro Francês de horror à ignorância, no caso do Poema épico "Caramuru":

"Retalhando o corpo em mil pedaços,

outro na crua carne ia comendo

tanto na infame gula eram devassos

alguns estão torrando na chama os ossos

que horror da humanidade! Ver tragada

da própria espécie a carne já corrupta"

Muito mais do que o sentimento nativista encontramos em nossos pensadores árcades louvou o herói civil e pacífico da razão setecentista:

"Se cante por herói, quem pior e justo,

onde a cega nação tanto delira,

reduz à humanidade um povo injusto"

Santa Rita Louva o colonizador e Gonzaga, quando refere-se a Tiradentes (seu "companheiro" de "Conspiração"), ressalta a sua "inferioridade":

"Ama a gente assisada

a honra, a vida, o cabedal, tão pouco,

que ponha uma ação destas

nas mãos dum pobre, sem respeito e louco?

...

a prudência é trata-lo por demente;

ou prendê-lo, ou entregá-lo,

para dele zombar a moça gente" (Lira 64)

Nosso último Neoclássico de relevo que seguiu os preceitos horacianos e "no nível mais genérico, a ilustração de matiz rousseauniana" foi Silva Alvarenga, conhecido por seus rondós (forma rígida de origem francesa) onde o nativismo restringe-se à paisagem:

"Cajueiro desgraçado

(...) brotaste em terra dura

sem cultura"

(Rondó III)

O fato de usar termos "brasileiros" como "cajueiro" ou "mangueira" não traz ao poeta o sentimento de pátria que tanto ansiamos quando lembramos de reforma agrária ou respeito à cidadania e aos direitos adquiridos.

A idéia de progresso apresentada por nossos poetas revela-se só no acúmulo e multiplicação de conhecimento que alguns cobriram com a fantasia de pastor que não se suja. Do burguês proprietário rural que teme ao rei mais do que qualquer coisa.

A questão da libertação dos escravos, coisa tão importante para quem defende os princípios iluministas, passa ao longe no Arcadismo brasileiro. A própria problemática do racismo é tabu neoclássico. Totem irreversível de ancestrais. Racionalização levando à frieza e, talvez, à uma separação entre sentimentos e razão.

A propriedade privada abre os caminhos dos filhos mais célebres dos Racionalistas. Os capitalistas, esses ideólogos da burguesia.

Nossos escritores ganhavam a moda e dirigiam a sociedade culta. Dominavam através da razão, buscando uma liberdade individual que nem sempre era respeitada pelos reis, vide Voltaire.

"Se o meu crime não fosse só de amores,

a ver-me delinqüente, réu de morte,

não sonhara, Marília, só contigo

sonhara de outra sorte".

Assim lamenta-se o prisioneiro Gonzaga na Lira 60. Vítima que foi dos "Déspotas Esclarecidos".

"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las".

A máxima de Voltaire remete-nos aos filósofos da Enciclopédia como Montesquieu, que pregavam a independência do estado.

Nosso Gonzaga aprisionado clama:

"Alma, digna de mil avós augustos!

Tu sentes, tu soluças,

ao ver cair os justos"

(Lira 76)

E é romântico:

"E nesta triste masmorra

se um semivivo corpo sepultura

inda, Marília, adoro

a tua formosura" (Lira 81)

No Brasil, os iluministas tiveram seus seguidores vítimas de uma impotência justificada por uma cultura que desde cedo mostrou sua cara na obra de Gregório de Matos que, com seu humor picaresco, zombou da pátria com tanta impertinência.

Gonzaga, Cláudio, Manoel, Silva Alvarenga, Santa Rita Durão e tantos outros, foram prisioneiros dos reis de Portugal. Só uma guerra libertaria o Brasil. Nós preferimos celebrar a injustiça e a covardia. Comprove-se as últimas liras de Gonzaga na prisão ou a sordidez de Basílio da Gama ao tratar seus antigos companheiros, os jesuítas, no poema épico "O Uruguai".

O isolamento e o alheamento estava nas próprias academias. Paradoxalmente, o senso comum de que o brasileiro é um povo pacífico não convenceu intelectuais como o carmelita nordestino Frei Caneca que, com seus escritos como "Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e dos deveres de cada cidadão para com a mesma pátria", disseminou também suas idéias no jornal Typhis Pernambucano. Esse recifense escreve:

"Tem fim a vida daquele

que a pátria não soube Amar

a vida de um patriota

não pode o tempo apagar

quem passa a vida que eu passo

não deve a morte temer

com a morte não se assusta

quem está sempre a morrer"

Após escrever estes versos, seguiu para o patíbulo. Frei Caneca é seguidor do lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade que guiou os ideais franceses de revolução e iluminismo.

"Entre Marília e a pátria

coloquei meu coração

a pátria roubou-me todo

Marília que chore em vão

...

A medonha catadura

De morte fria e cruel,

Do rosto só muda a cor

Da pátria o infiel.

...

O servil acaba inglório

Da existência a curta idade,

Mas não morre o liberal,

Vive toda a eternidade."

Frei Caneca (tinha esse nome por ser filho de tanoeiro Português, daí o apelido que anexou ao nome) freqüentou a Academia do Paraíso, centro onde explodiu a revolta em Pernambuco contra os desmandos da corte e as injustiças dos governantes portugueses. Ele desejou tornar sua razão, sua voz "a Voz de todos", seus ouvintes ou leitores "Em favor de uma realidade mais profunda e humana, voz também a dos oprimidos", colocando-se como ícone de toda essa multidão injustiçada.

O filósofo Wittgenstein, ao comparar o amor ao saber, escreveu:

"É uma luta contra o enfeitiçamento do nosso entendimento pelos meios da nossa linguagem". Nesse sentido, segundo outro grande pensador, Gramsci, "Tutti gli vomini sono filosofi" (Todos os homens são filósofos).

Mas o que os racionalistas do século XVIII pregavam era um conjunto de idéias frutos de árduos estudos. Argumentos que levavam a continuar acreditando ou que criavam. Uma espécie de caramanchão, as academias (dos poetas Neoclássicos, Iluministas), onde o fogo da carne era eclipsado pela inteligência, a "Verdade" e o "Saber".

O crítico Rodolfo Gomes Pessanha alerta para o que acontece no século XX: "O irracionalismo ambiente não reclama outra coisa "Insights" em lugar de análises, intuições indemonstráveis, conceitos altamente artísticos, em suma, a festa de reflexão irresponsável. Enquanto que num processo dito racional, de compreensão da realidade, reforçado de juízos e raciocínios, desemboca na conclusão intelectual possível de cada momento. Daí a posição filosófica Racionalista".

Olhemos a escultura "Paulina Borghese como Vênus" (1807), de Antônio Canova, l757-1822), em mármore policromo e dourado. O autor é o mais clássico dos escultores do século XVIII, seguindo os Cânones do Neoclassicismo. A natureza é percebida através de cânones fixados idealmente numa percepção correta e sensível da natureza. É um mundo ideal, onde homens convertem-se em heróis divinizados ao modo greco-romano. Não é Vênus quem admiramos quando contemplamos essa figura estremecedora, e sim Pauline Borghese, exemplo de razão pela beleza, monstro de pureza e perfeição tão incrível quanto evidente.

"Sombras ilustres dos varões famosos

que à Grécia e Roma destes leis um dia

.....

grande Licurgo, ó tu Sólon, que honrosos louros cingis (....)

eu queria adotar vossos vultos majestosas".

Tomás Antônio Gonzaga, em soneto também atribuído a Cláudio Manoel da Costa e dedicado ao Marquês de Pombal.

Os prisioneiros que Platão descreve, que estão dentro da caverna e de costas para luz, precisam curar-se e olhar de volta para a luz, mesmo que isso cause dor. Sanar a desrazão mesmo que isso os aflija.

"A consciência tem fluxo, espontânea, tem sua fonte em si mesma, é translúcida, ou seja é consciência de si, é intencional e sem EU. Quanto ao EU, é um objeto que, por sua natureza mesma, traz consigo a opacidade".

Escreve Luiz Damon em "Sartre - Existencialismo e Liberdade".

A consciência do social, da busca de verdades universais, marca o Neoclassicismo de tal forma que o poeta encara o devaneio como loucura.

"Ao despertar a louca fantasia do enfermo, do mendigo, se descobre do torpe engano seu a imagem fria" (Cláudio Manoel da Costa).

Porém Kant "pretendeu deslocar o centro da existência da beleza do objeto para o sujeito" afirma o Prof.° Ariano Suassuna. "A pessoa que gosta de um quadro em que este seja belo apenas para ela. Quer que todo mundo goste também, então a beleza é uma necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva. Alguma coisa que o sujeito descobre no objeto e que tem o dom de excitar harmoniosamente suas faculdades. Nunca este olhar será desinteressado porque sempre temos em vista o fim útil ao qual ele (o objeto de contemplação), se destina".

A opacidade do eu sartreano, ou os Prisioneiros das Trevas da caverna de Platão, são atraídos pela "Embriaguez apolínea", que excita "Sobretudo o órgão visual" ("Crepúsculo dos Ídolos", em "Nietzcheana", José Olímpio Editora Rio,1949) e o poeta árcade canta a beleza.

"Minha Marília

se tens beleza

da natureza

....

em vão se viram

perlas mimosas,

Jasmins e Rosas

No rosto teu

Em vão terias

Essas estrelas

E as tranças belas

Que o Céu te deu,

Se em doce verso

Não as cantasse

O bom Dirceu" (T.A Gonzaga. Lira 49)

A ingenuidade, presente nesta "Lira" lembra as palavras SOCRÁTICAS:

"Ora, o grande Parmênides, minha criança

as crianças que nós éramos então, sustentava

sem trégua nem descanso, em prosa como verso:

Não jamais obrigarás os não-seres a ser;

Deste caminho de investigação afasta teu pensamento".

"que diverso são os gênios nossos!

Qual solta a branca vela".

Revela-se pela razão a confirmação de se conhecer a verdade e tentar "acordar" os outros "nunca devemos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão", recomenda Descartes.

Prefigura-se no Neoclassicismo um público de salão. O sentimento do interlocutor, uma linguagem universal, a lógica socrática vencendo a tragédia dionisíaca e a eliminação do estranho e do excêntrico. A moderação limitando a literatura à superfície da alma e não tolerando os desvios. O otimismo lógico vencendo o que o Nietzche chamou de "A divina Maldade". A fusão interna de conceitos morais e históricos.

As promessas iluministas não foram cumpridas porque o mundo da boa vontade e da paz perpétua não concretizou. Ousamos voltarmo-nos para a luz, sair da caverna, curar a angústia. A divisão, o medo de nos deparamos com a fria ciência (O Naturalismo, a Psicanálise), o poder totalitário do estado e o pessimismo.

Mesmo assim, a estética racionalista projeta sua sombra e, um dia, os habitantes da platônica caverna usarão a luz de forma adequada.

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Moisés Neto

Professor com pós-graduação em Literatura, escritor, membro da diretoria do SATED (Sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos de diversão em Pernambuco).


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